quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Tristeza todos do subimarino morreram



Familiares de submarinistas recebem aos prantos notícia da explosão A tripulação e o submarino estão desaparecidos há oito dias no Atlântico Sul


Por: AFP - Agence France-Presse



Foto: Divulgação/Marinha de Guerra


Parentes dos 44 membros da tripulação do submarino desaparecido há oito dias no Atlântico Sul reagiram com dor e indignação ao relatório divulgado nesta quinta-feira (23) pela Armada Argentina sobre uma explosão no mar no dia do último contato com a embarcação.


"É a primeira vez que venho à base (naval) e acabo de saber que sou viúva", declarou Jessica Gopar em lágrimas.


Fernando Santilli, eletricista do "ARA San Juan", "foi meu grande amor, tínhamos sete anos de namoro, seis de casamento e temos um filho, Stefano, que nos custou muito até que Deus nos enviasse", declarou em frente à base naval de Mar do Plata, 400 km ao sul de Buenos Aires, onde os familiares receberam a notícia.


O filho do casal tem apenas um ano e acabou de aprender a dizer 'papai' durante sua ausência, de acordo com uma carta postada no Facebook de Jessica.


"Morreram todos"


"Todos morreram, foi a primeira coisa que pensei", disse sobre o momento em que soube da explosão. Tinha em suas mãos um cartão manuscrito com a fotografia de seu filho trazido para deixá-lo na entrada do prédio naval, preenchido com mensagens para a tripulação.


Jessica afirmou que antes da terrível notícia, "deram-me um copo de água e um comprimido para a pressão".


"Não irá me servir de nada uma placa que diz 'os heróis de San Juan'", declarou antes de se afogar novamente em lágrimas.


"Eu me sinto enganada! É impossível que tenham descobrido só agora! São perversos e nos manipularam", declarou enfurecida Itatí Leguizamón, advogada e esposa de German Suarez, operador de sonar do San Juan, ao sair da base naval de Mar del Plata.


"Não nos disseram que estão mortos, mas afirmaram que o submarino está a 3.000 metros (de profundidade). O que se pode entender?!", afirmou em meio a uma crise nervosa.


Quase cem parentes esperavam esperançosamente dentro da base naval de Mar del Plata, cujo perímetro nos últimos dias foi preenchido com mensagens de encorajamento, imagens religiosas e bandeiras argentinas.


Um relatório oficial confirmou o registro de um ruído violento e repentino compatível com uma explosão no meio do Atlântico, horas após o último contato do "ARA San Juan" com a base em 15 de novembro.


Separados do enxame de jornalistas e curiosos por uma cerca, no estacionamento da base naval alguns parentes se abraçavam, outros gritavam inconsoláveis sentados no chão.


"Pediram que a maioria das pessoas saísse e que só ficassem os parentes diretos", relatou Itatí sobre como a Marinha havia transmitido a notícia aos familiares na base, minutos antes de divulgá-la em uma conferência de imprensa na capital argentina.

Familiares inconsoláveis

Uma mulher, familiar de um tripulante, aproximou-se abatida dos microfones dos jornalistas. Rompeu em lágrimas e saiu sem conseguir pronunciar uma palavra.

"Vão continuar procurando por eles porque têm a obrigação de fazê-lo. Mas quando ouviram a notícia de que todos explodiram lá dentro, os familiares pularam em cima deles e não deixaram que continuassem a ler o comunicado, as pessoas ficaram muito agressivas", contou Itatí sobre a experiência dentro da base.

Leguizamón, natural de Formosa (norte do país) está casada há dois anos com Germán Suárez, nascido em Santa Fé. O casal vivia em Mar del Plata.

"Lançaram buscas para saírem bem na fita, porque enviaram uma merda para navegar. Em 2014 o submarino já havia tido problemas porque não conseguiu emergir", exclamou a mulher.

"Ele estava preparado para a morte. Sempre se confessava e estava em paz, estava pronto", concluiu Itatí.

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