Da Coluna de Inaldo Sampaio

Pedir licença de partido é inovação brasileira


por Inaldo Sampaio


Coluna Fogo Cruzado

João Paulo licenciou-se do PT alegando que precisa de tempo para escrever uma dissertação de mestrado

O ex-prefeito do Recife, João Paulo, pediu licença (e não desfiliação) do PT alegando que precisa de tempo para escrever uma dissertação de mestrado sobre relações de trabalho. Pedir licença de partido é uma inovação brasileira e por isso cabe a seguinte indagação: o licenciado continua pertencendo ao partido? No caso do próprio João Paulo, por exemplo, precisará estar filiado a um partido até 7 de abril próximo se quiser concorrer a algum cargo nas próximas eleições. Estando licenciado da legenda, poderá ser candidato? Se puder, significa que pedido de licença não tem consequência prática alguma. Se não puder, a licença equivale à desfiliação. Seja como for, o pedido de licença foi protocolado na hora em que o PT mais precisa dele, ou para apoiar Marília Arraes – se a decisão partidária for pela candidatura própria ao Governo do Estado – ou para compor a chapa da Frente Popular se conseguir livrar-se da inelegibilidade, consequência da condenação que lhe foi imposta na última terça-feira pela Terceira Câmara Criminal do Tribunal de Justiça. O que muitos petistas questionam é se dedicação exclusiva para escrever uma dissertação de mestrado exige do mestrando que não esteja filiado a partido político.

Nem tudo está perdido

O PT deverá perder metade da bancada federal que possui hoje, mas em Pernambuco tem possibilidade de eleger 2 representantes. Na eleição passada não elegeu nenhum. Sua bancada de senadores também vai encolher. Mas, em SP, o vereador Eduardo Suplicy, que não tem envolvimento na Lava Jato, está em 1º nas pesquisas para retornar ao Senado.

Pré-candidatos – São pré-candidatos a deputado federal pelo PT o senador Humberto Costa e o ex-deputado Fernando Ferro. Este último está fazendo falta à bancada porque era um de melhores deputados da Câmara Federal.

Ainda indeciso – O deputado federal Severino Ninho informa à coluna que ainda não tomou a decisão de abandonar o PSB no qual milita há 30 anos. Caso decida trocar de partido, diz ele, conversará primeiramente com o governador Paulo Câmara e o presidente Sileno Guedes.

Primeira opção – O deputado federal João Fernando Coutinho trocou o PSB pelo PROS mas vai apoiar a reeleição do governador Paulo Câmara (PSB). Se fosse para a oposição, perderia a maioria das bases que tem na Mata Sul.

Pra que insistir? – Setores do PSB estão perdendo tempo ao tentar convencer o ex-ministro Joaquim Barbosa (STF) a se filiar ao partido para ser seu candidato a presidente da República. Ele já disse que não tem “temperamento” para ser político e que o Brasil não está preparado para pôr um negro no Palácio do Planalto.

Marcação dura – A vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), cujo assassinato na última quarta-feira (14) chocou o Brasil, fez discurso na Câmara Municipal dizendo que a intervenção no aparelho de segurança não resolveria o problema da violência no RJ. Isso aumenta a responsabilidade do ministro Raul Jungmann (Segurança Pública) no sentido de que essa morte seja esclarecida.

Tempo da colheita – O governador Paulo Câmara cumpriu agenda administrativa, ontem, em Limoeiro e Surubim. Como estamos em ano eleitoral, a pisada será esta até o final do ano, independente ou não de ser reeleito. O governo tem muitas obras para inaugurar, mas pretende fazer isto a conta-gotas.

Guerra civil – Ótimo que o número de assassinatos em Pernambuco tenha caído 16,3% em fevereiro deste ano em relação ao mesmo período do ano anterior. Mas o fato de terem sido assassinadas 416 pessoas no mês do carnaval é a prova de que continuamos em “guerra civil” não declarada.

Grande incógnita – O senador e pré-candidato ao Governo do Estado, Armando Monteiro (PTB), garantiu que haverá alguém de Caruaru na sua chapa. Como a chapa deverá ser anunciada no próximo dia 20, há uma grande expectativa naquele município para saber quem será o candidato.

O adeus – O PSB-PE elegeu 8 deputados federais em 2014, porém só restam quatro: Danilo Cabral, Tadeu Alencar, Gonzaga Patriota e Felipe Carreras. Saíram Pastor Eurico (para o PHS), Marinaldo Rosendo (para o PP), Fernando Filho (para o MDB) e João Fernando Coutinho (para o PROS).